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"Pensando Alto" no isolamento social: Nossas "bolhas" e um mundo melhor pós pandemia.

Foto do escritor: Gislaine PradoGislaine Prado

Como muitos, estou há mais de um mês em isolamento social... Fiquei pensando o que mais me chamou atenção neste período. Para mim o mais marcante foi a cristalização das bolhas, nas quais estamos inseridos. Você pode pensar, só agora ela percebeu isso? Não, não foi só agora, já venho observando esse fenômeno a muito tempo. A cada pensamento ou ação, tento fazer uma análise, para quem aquilo é valido? Para a minha bolha ou para as pessoas em geral. Tenho me esforçado para poder sair da minha bolha e ter uma visão mais ampla e abrangente do mundo em que vivemos. Muitos me perguntam, se eu acredito que teremos um mundo melhor na pós pandemia. Se eu levar em conta as bolhas, pelas quais transito, eu diria que há uma chance. Apesar da grande dor embutida neste processo (não esqueçamos que milhares de famílias choram seus entes que partiram), ela traz em si, a possibilidade de reflexão e revisão de valores e do que realmente importa, mas quando olho o quadro geral, verdadeiramente não sei... É possível observar, várias bolhas coexistindo. Para mim são como um bando de porcos espinhos, tentando sobreviver a uma noite extremamente fria, que acabam se machucando quando tentam se aproximar para gerar mais calor. Temos inúmeras bolhas, mas para esse artigo, vou me ater a cinco especificamente, pois quando trabalhamos em gestão de mudanças, observamos cinco estágios que serão as bolhas que pretendo falar:

  1.  A primeira bolha é da negação, podemos percebe-la quando ouvimos: o vírus não existe, o vírus não é tão perigoso, isso não vai acontecer comigo, os números são falsos, o mal que pandemia causa, deve ser desconsiderado em prol de evitar um mal maior que está por vir em outras áreas.

  2. No segundo estágio, temos a bolha da raiva, buscamos um culpado para justificar a mudança no nosso status quo, no sofrimento que isso pode nos causar e na perda do controle e assim recorremos a frases como: as pessoas não me entendem, não veem a minha dor, estou tentando avisar o desastre que virá e ninguém liga ou isto foi proposital, criando desta forma inimigos, na maioria das vezes imaginários.

  3. No terceiro estágio temos a bolha da barganha, já que isso está acontecendo, o que posso tirar de vantagem? Treinamento, lives, webnários gratuitos, para o meu aperfeiçoamento pessoal, profissional ou entretenimento. Mesmo com a rotina desgastante do home office e afazeres domésticos, posso estar mais próximo dos meus filhos.

  4. Então temos o quarto estágio: a bolha da depressão. Tomamos consciência que a mudança é real. Nos sentimos tristes e impotentes diante dela, pois concretizamos as nossas perdas e limitações. Às vezes nos deixamos levar pelo sentimento da desesperança e nos sentimos fantoches do destino, caindo na inanição.

  5. No último estágio temos a bolha da aceitação, enxergamos que a mudança é inevitável e temos muito pouco controle sobre o que está acontecendo. Neste momento nos mobilizamos internamente, sob aquilo que temos controle e nos tornamos protagonistas do processo. Isso pode acontecer de várias formas como: apoiar aqueles que estão em situação mais vulnerável com a doação do nosso tempo, dinheiro, mão de obra e orações; Cultivar a paciência e o autocontrole, cuidando melhor de nossa saúde mental, muitas vezes tão maltratada e negligenciada; iniciar de imediato, as mudanças que desejamos na nossa vida, eliminado as coisas que percebemos, não fazem mais sentido ou que não tem mais tanto significado; alguns se percebem com o sentimento genuíno de gratidão, por estarem empregados, por terem um teto, acesso aos cuidados necessários e seus familiares estarem bem; e outros ainda, descobrem um caminho espiritual, a meditação, a yôga e por aí vai.

Eu acredito que ao longo da nossa jornada na pandemia, todas essas bolhas coexistem dentro de nós... Caberá a cada um decidir qual delas será alimentada para sabermos no pós pandemia que mundo teremos. O mundo melhor só existe quando as pessoas optam por serem melhores e decidem deixar as suas ´bolhas´ para fazer parte da grande bolha da "Empatia+Solidariedade+Ação". Quando nos permitimos calçar o sapato do outro, saber suas dúvidas, dificuldades, potenciais e alegrias, julgamos menos e buscamos soluções que façam sentido para aquela pessoa ou grupo e não pra nós ou nossa bolha... Difícil? Muito difícil, porem isso deveria ser um exercício diário e ai sim, eu responderia com certeza, que apesar dos dias ainda difíceis que podem estar por vir, teríamos um mundo melhor no pós pandemia.

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